Uma das menores orquídeas do mundo, a Stelis modesta tem flores de 0,1 cm. São tão pequenas que só ficam visíveis olhando de muito perto ou fotografando com a ajuda de uma macro. A Stelis compensa o tamanho minúsculo sendo uma orquídea muito generosa com o colecionador novato: não dá trabalho para cultivar, produz muitas hastes de flor ao mesmo tempo, entouceira depressa e fica quase um mês florida. Pra ajudar, ela é brasileiríssima, então, já está plenamente adaptada a nosso clima tropical, sobrevivendo em temperaturas que vão de 8°C a 35ºC numa boa (aguenta até mais calor se tiver em local bem úmido). Vou falar dessa modesta orquídea brasileira amanhã, no curso de orquídeas para iniciantes que darei na @sabordefazenda, das 9h ao meio-dia. Corre que a turma está quase lotada: (11) 2631-4915.
Antes de ser cachepô, eu era lâmpada. Eu e minhas irmãs morávamos num sítio no interior e — sem querer me gabar — éramos adoradas pelos moradores. Pudera, a turma até ontem usava lampião! Lembro como se fosse hoje de quando cheguei na cidade e as pessoas passaram a ficar até mais tarde em volta de mim, conversando da vida. Um dia, apareceu uma magrela que prometia iluminar por mais tempo. A lâmpada não esquentava, durava mais e ainda se dizia econômica. Que raiva! Era um chata, fria, chegou se achando. E nós fomos sumindo, nossa luz dourada se apagando, casa por casa. Muitas da minha família foram parar no lixo. Mas não nós três: a Juliana, do @deverdecasa, fez uma cirurgia com pinças e bisturis pra tirar o filamento, colocar ganchinhos e nos transformar em cachepôs. Viramos berçários onde galhinhos de sálvia, alecrim e manjericão ganham raízes antes de ir morar na terra. Faz cosquinha, mas é mágico quando a luz do sol bate na minha barriga e se espalha como um arco-íris pela parede. Me sinto iluminando a casa outra vez, mas, agora, com a luz dourada. E isso lâmpada fria nenhuma vai tirar de mim.
Antes de ser cachepô, eu era uma banheira. Charmosa, de louça, tratada como rainha. Lembro quando cheguei na casa da dona Gertrudes, carregada como diva nos ombros de dois rapazes. O quarteirão parou pra me ver entrar. Ah, que bons tempos! O netinho da dona Gê fazia a maior arruaça pra entrar no banho, mas depois não queria mais sair. Era um dia brincadeira de navio, pirata, patinho... Fiquei todadesbotada e cheia de rachaduras, mas fui muito feliz! Daí a família vendeu a casa e vieram uns caras com pás quebrando tudo. Quebraram uma perna minha, me botaram numa caçamba e eu fui parar num lugar horrível, cheio de Kombis tristes. Tomei sol e chuva, perdi o verniz, fiquei um caco. Até que um moço passou por mim e se encantou com minhas curvas. Pensei: "Esse cara vai me pagar uma lipo, tirar rugas e gordurinhas, vou voltar no tempo". Que nada. Ele me levou pra casa, abriu a porta e, com jeitinho, me levou pra um jardim de inverno. Menina, eu, que vivi a vida toda num banheiro, nem sabia que existia tanta coisa bonita no mundo! Passarinhos, lagartixas, um vira-latas chamado Dengo, tenho um montão de colegas. Quando a Carol Costa me viu, eu estava assim, cheia de lírios-da-paz, mas meus inquilinos mudam todo ano. Eu adoro! A gente conversa sobre navios e piratas e eu me sinto uma verdadeira ilha, mágica e verde. E tudo isso sem uma perninha! Sou um cachepô portador de necessidades especiais muito sexy, falaí?