Discussão: MEUS SONETOS

MEUS SONETOS

JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

CEGUEIRA
Joyce Sameitat


Letras aos montes escorregam;
De minha mente deveras cansada...
Que se sente então bem iletrada;
Nos pensamentos que a atropelam...

Nos desvarios da minha solidão;
E então numa janela assentada...
Faço como que uma leve serenata;
Do meu passado com um violão...

Para o meu eu sutil de outrora;
Que espionava o mundo lá fora...
Brigando com minha contradição!

Mas eu era mais livre e até solta...
Sempre em vários sonhos envolta;
E hoje me sinto como uma visão...


SP - Fevereiro 2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

COMO ARAGEM
Joyce Sameitat


Debruço meu coração bem devagar;
Nas margens sinuosas da realidade...
Então a agonia o pega e me invade;
Levanto-o depressa para não afogar...

A vida como sempre bem apressada;
Olha o que é belo para ter esperança...
E o que meu sentimento não alcança;
Some dos meus olhos como um nada...

Quero de volta os sonhos que voaram;
E por entre nuvens fofas se grudaram...
Desfeitos pela aragem infinita do tempo!

Procuro juntar meu tão efêmero amor...
E revesti-lo com pétalas de alguma flor;
Antes que o carregue para longe, o vento...


SP - Fevereiro 2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

SÓ TU PODES
Joyce Sameitat


Vento assaz deveras sinuoso;
Que faz cantar até as janelas...
Percorre pontes e pinguelas;
Com tudo bole bem manhoso...

Ele entra pelo ar que respiro;
Remexe até com meu coração...
Faz este também virar canção;
E do meu ser arranca suspiros...

Ventania... Puxa minha solidão;
Que se colou aos pensamentos...
Tentando sequestrar a emoção;

Fez isso já em muitos momentos...
E me obriga a viver de pouca ilusão;
Só tu podes arrancá-la... Ó tempo!


SP - Maio 2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

ESTRELADO
Joyce Sameitat


Coloquei estrelas em minhas mãos;
Senti um brilho intenso me bronzear...
Pousei-as de volta, uma em cada lugar;
E todas elas se refletiram no coração...

Como gotas prateadas iluminaram;
Meus sonhos que estavam a passear...
Segui cada um deles pelo meu olhar;
E com belos sorrisos me brindaram...

Formaram um arco-íris de flores;
Imitando do tradicional as cores...
E inspiraram na alma só paixão!

Agora onde quer que eu for...
Me acompanhará cada cor;
Como que nuvens de ilusão...


SP - Janeiro 2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

SENTIDO
Joyce Sameitat


Numa quadra qualquer de um lado perdido;
Que pulsa no meu coração qual um mapa...
Ora contrai-se e em outras apenas dilata;
Mostrando os lados meio que obscurecidos...

Na rua cheia de recortes e de desvãos;
Que se perdem sutilmente no belo luar...
Fazendo minh'alma sem querer cantar;
Com muito receio sua grande emoção...

Vou teclando calçadas qual um piano;
Criando na mente um sem fim de planos...
Que me levem a achar meu amor perdido;

E nas curvas da vida vou me procurando...
Marcando compassos e aos céus cantando;
Tentando achar você que me dá sentido...


SP - 05/08/2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

NUNCA
Joyce Sameitat



Penso que sou quem eu sou;
Mas no fundo não é verdade...
E tudo que o meu ser invade;
O tempo veio e só descartou...

O que eu era foi se transformando;
Como troca de marchas num carro...
O que tinha como certo deu errado;
E chuvas foram a alma toda lavando...

Me pergunto quem sou no momento;
Mas não me deixa ver nada o tempo...
E sinto-me uma alma desconcertante!

Só peço ao meu coração que guarda...
Do amor a chama que jamais se apaga;
Que nunca fique da minha vida distante...


SP - Março 2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

CAOS
Joyce Sameitat


Sinto muito diz a vida ao pregar peças;
Fazendo-me sentir um barco a deriva...
Quando cheia de sonhos me sinto viva;
E então para o caos ela me arremessa...

Viro quebra-cabeças todo desmontado;
Cercada por águas só de inverdades...
Cerceada na minha fugidia liberdade;
Fustigada pelo brilho lunar prateado...

Surge então do nada uma enorme mão;
Que peça a peça monta com compaixão...
Me restituindo na alma toda esperança;

Então meus sonhos de novo florescem...
Sou todas as primaveras que crescem;
E tristezas e mágoas para longe lança...


SP - 06/08/2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

SECURA
Joyce Sameitat



O sol ardente me é um tropeço;
Vira minha cabeça do avesso...
E faz evaporar toda a ilusão;
Como se primavera fosse verão...

Até o amor que costuma esquentar;
Coloquei em frente ao ventilador...
É como que pássaro a debandar;
Tão fustigado é pelo quente vapor...

Como fornalha está só a assolar;
Derretendo névoas que não vingam...
São gotas aladas que peregrinam;

Não conseguindo ao pensamento nublar...
Dentro de mim vozes fortes gritam;
Não queremos ver a alma assim a secar...


SP - 23/10/2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

GRITO
Joyce Sameitat


Eu quero parar até me encontrar;
Vejo um campo que é meu anseio...
Mas de insetos tenho muito receio;
E tenho medo deles a me cercar...

Serão eles reais ou apenas o pavor;
De neles ver o que eu não quero...
Apenas um escuro e longo retrocesso;
Que a vida tornou em mim amargor?

Serão eles reais ou imaginários apenas;
Tentando disfarçar as minhas penas...
Não podendo assim eu me encontrar?

Como ultrapassar esta grande barreira...
Que me faz ser apenas mais uma enferma;
Deste mundo que me empurra a gritar?


SP - Novembro 2014


JOYCE SAMEITAT ( Administrador )

INVASÃO
Joyce Sameitat



Neblina fina, mera e simples penugem;
Com gosto da chuva que não cai...
E dentro dela a ilusão toda se esvai;
Tentando formar umas poucas nuvens...

O coração toma banho na umidade;
Que permeia o ar como um acalanto...
Empurrando os sonhos para um canto;
Composto apenas por levíssima saudade...

Deste amor incontido que nunca me deixou;
Passou por mim e nem sequer me saudou...
Tentarei seguir seus rastros pela eternidade;

E enquanto durar esta névoa tão etérea...
Estarei nela pousada com a cabeça aérea;
Ancorada em ti que não ficou de verdade...


SP - Novembro 2014


Deixe sua opinião ou comentário

Para responder um tópico é necessário participar da comunidade.