O senso de valor monetário das coisas deveria existir também para os sentimentos. Num exemplo: você não gastaria a grana de um carro importado para comprar uma caixa de fósforos.
Então porque, emocionalmente, você deve se dar tanto por aquilo que não compensa o mesmo valor em retorno? Jogue fora as ideias baratas de amor altruísta, a vida já tem sofrimento e rendição demais para que no amor - que é salvação e paz - tenha de se passar por isso. Sacrifício sem retorno vira suicídio ou assassinato.
Não caia na armadilha de achar que se dar demais conquistará o outro, você terminará sendo usado ou nem sequer percebido. O humano, naturalmente, dificilmente percebe os esforços do outro ao menos que os experimente também e isso se chama equilíbrio, mas não cabe a você forçar alguém a agir assim - cabe apenas ser justo consigo mesmo. Se você faz grandes coisas, saiba que merece o mesmo tanto daquilo que dá. Uma vez que você tenha conhecimento disso, saberá exatamente o que fazer adiante.
Essa vida de desejos simples com preços caros. De direitos divinos e deveres mártires.
Sonhos vadios, realidade concreta. Do inesperado em todos os planejamentos que nos empurramos.
A existência de ter e ser e dos jogos de dados. De mente no antes, no depois e tendo que estar no agora.
Encruzilhadas que clamam por escolhas até mesmo na falta de opções. Que na falta de saídas, demanda então a fuga.
Números e pontos e sequências. Dos que tem ninho e daqueles que só possuem as asas.
O e se e o não saber. As perguntas sem resposta e sem porque.
Para onde foi todo mundo que conheci por dois minutos e nunca soube o nome?
E se nunca tivesse conhecido, que é que mudava?
E onde estão todos aqueles que eram dia-a-dia e então se tornaram um-dia?
Humanidade, onde o bem e o mau se encontram como uma coisa só.
Vida, às vezes como música vazia que se torna profunda num piano.
Vida, que segue até onde dá e dá até onde deixamos seguir.
Vida, de suspiros, gemidos e apertos carinhosos na mão.
Que a realidade seja a todos nós a sorte de um tempo bom e devagar.
Que se levem os anéis e até uns dedos, mas nunca o que importa.
Que a saudade seja passageira e que só aumente a vontade.
Que no fim da batalha, não haja guerra.
Vida...
Ah, vida, aquelas que somos de ambas as suas direções, como já dizia Marilyn Monroe.
Vida...
De desejos impossíveis. De sonhos divinos.
Vida...
Dos direitos de que é preciso estar desajustado para que consiga consertar.
Vida...
Um ou dois vivas...
Viva ela - Viva à ela. A única. A vida.
Sagrados sejam os céus. O único abrigo sobre nós.
Mas cuidado, pois o céu está caindo...