Discussão: Loiva ferreira

Loiva ferreira



Chegada

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Chegas,

Sóbria e sombria,

E desocupas em mim

A tua própria sombra.


Agora és a minha própria voz:

Nenhum silêncio nos pode calar.


Falas e acaba o tempo.


E eu escuto-te

Apenas quando te lembro.



Mia Couto






Aparição

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Um dia, meu amor (e talvez cedo,

Que já sinto estalar-me o coração!)

Recordarás com dor e compaixão

As ternas juras que te fiz a medo...


Então, da casta alcova no segredo,

Da lamparina ao tremulo clarão,

Ante ti surgirei, espectro vão,

Larva fugida ao sepulcral degredo...


E tu, meu anjo, ao ver-me, entre gemidos

E aflictos ais, estenderás os braços

Tentando segurar-te aos meus vestidos...


— «Ouve! espera!» — Mas eu, sem te escutar,

Fugirei, como um sonho, aos teus abraços

E como fumo sumir-me-hei no ar!


Antero de Quental





Atame a tu regazo

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Quiero que nuestros corazones

palpiten con el lenguaje de los suspiros,

Para que así nuestro amor

baile al ritmo de sus látidos.


Recordando junto al viejo campanario

imaginándome el cielo de colores,

estás en lontananza entre neblinas

serpenteado por fragantes olores.


A lo lejos un desgastado faro solitario

mira un arco iris de cálidos matices,

la bruma ahoga el lamento de las olas,

en el silencio y la inmensidad del mar.


Bufón de tempestades ven acércate

improvisa tus cantos, salta y vuela,

ven, apóyate sobre los riscos de sal

y deja que la imaginación se desate.


Cúbreme de azulejos y efluvios de esperanza

atraviesa las nubes con tu mano invisible,

acércate a buscarme y átame a tu regazo,

tan duro y fuerte como te sea posible.


Envuélveme con tu calor, deja que la brisa siga su

rumbo, oye como el viento nos nombra en su

trayecto, escucha silencioso el ruido de la sombra

y deja que las gaviotas arrullen nuestro sueño.


Quiero por esta noche quedarme suspendida

en las nubes del tiempo, donde no existen reglas,

dar rienda a nuestro amor sin que existan testigos

y donde nadie perturbe nuestra sublime entrega,


Contando las estrellas respiraré tu aliento

dibujaré tu cuerpo a la luz de la luna,

temblorosa mi voz susurrará un te quiero…

y un ahogado gemido se lo llevará el viento.


María B. Núñez






Aspiração

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Tão imperfeitas, nossas maneiras
de amar.
Quando alcançaremos
o limite, o ápice
de perfeição,
que é nunca mais morrer,
nunca mais viver
duas vidas em uma,
e só o amor governe
todo além, todo fora de nós mesmos?

O absoluto amor,
revel à condição de carne e alma.

Carlos Drummond de Andrade







Se me esqueceres

Pablo Neruda

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Se me esqueceres

Quero que saibas

uma coisa.


Sabes como é:

se olho

a lua de cristal, o ramo vermelho

do lento outono à minha janela,

se toco

junto do lume

a impalpável cinza

ou o enrugado corpo da lenha,

tudo me leva para ti,

como se tudo o que existe,

aromas, luz, metais,

fosse pequenos barcos que navegam

até às tuas ilhas que me esperam.


Mas agora,

se pouco a pouco me deixas de amar

deixarei de te amar pouco a pouco.


Se de súbito

me esqueceres

não me procures,

porque já te terei esquecido.


Se julgas que é vasto e louco

o vento de bandeiras

que passa pela minha vida

e te resolves

a deixar-me na margem

do coração em que tenho raízes,

pensa

que nesse dia,

a essa hora

levantarei os braços

e as minhas raízes sairão

em busca de outra terra.


Porém

se todos os dias,

a toda a hora,

te sentes destinada a mim

com doçura implacável,

se todos os dias uma flor

uma flor te sobe aos lábios à minha procura,

ai meu amor, ai minha amada,

em mim todo esse fogo se repete,

em mim nada se apaga nem se esquece,

o meu amor alimenta-se do teu amor,

e enquanto viveres estará nos teus braços

sem sair dos meus.


in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"







Cecília Meireles

Canção

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Ouvi cantar de tristeza,

porém não me comoveu.

Para o que todos deploram,

que coragem Deus me deu!


Ouvi cantar de alegria.

No meu caminho parei.

Meu coração fez-se noite.

Fechei os olhos. Chorei.


Dizem que cantam amores.

Não quero ouvir mais cantar.

Quero silêncios de estrelas,

voz sem promessas do mar.





Oração do Poeta

Victtoria Rossini

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Que nós e o universo de que fazemos parte

Estejamos sempre em conexão.

Para podermos sentir, ouvir e descrever

Toda grandiosidade da vida

E a beleza que existe dentro da toda a criação.


Que nunca nos falte a inspiração.

Que saibamos nos equilibrar

Entre razão e emoção.


Que a dureza do mundo

Não faça empedernir nosso coração.


Que nosso excesso de sensibilidade

Nunca se transforme em desespero.


Que nosso romantismo

Não nos transforme em idiotas.


Que nossa vontade de inovar

Não nos cegue para beleza do comum.


Que saibamos usar a poesia

Para melhorar o mundo

E olhar a tudo e a todos com olhos de amor.


Que nunca nos falte a coragem e a dignidade

Para pensar, falar, ousar e agir

A favor daqueles, que não tem voz.


Que não tenhamos medo da verdade, nem da crítica

Ao mostrarmos a nossa alma e nossas idéias

Em qualquer composição.


Porque nós poderemos partir um dia,

Mas aquilo que semearmos

De bom na alma dos homens

Viverá para sempre.


Obrigada universo!

Por eu ter nascido sensível

A ponto de me tornar poeta!






A chuva lenta

Gabriela Mistral

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Esta água medrosa e triste,

como criança que padece,

antes de tocar a terra,

desfalece.


Quietos a árvore e o vento,

e no silêncio estupendo,

este fino pranto amargo,

vertendo!


Todo o céu é um coração

aberto em agro tormento.

Não chove: é um sangrar longo

e lento.


Dentro das casas, os homens

não sentem esta amargura,

este envio de água triste

da altura;


este longo e fatigante

descer de água vencida,

por sobre a terra que jaz

transida.


Em baixando a água inerte,

calada como eu suponho

que sejam os vultos leves

de um sonho.


Chove... e como chacal lento

a noite espreita na serra.

Que irá surgir na sombra

da Terra?


Dormireis, quando lá foram

sofrendo, esta água inerte

e letal, irmã da Morte

se verte?







Oração do Poeta

Victtoria Rossini

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Que nós e o universo de que fazemos parte

Estejamos sempre em conexão.

Para podermos sentir, ouvir e descrever

Toda grandiosidade da vida

E a beleza que existe dentro da toda a criação.


Que nunca nos falte a inspiração.

Que saibamos nos equilibrar

Entre razão e emoção.


Que a dureza do mundo

Não faça empedernir nosso coração.


Que nosso excesso de sensibilidade

Nunca se transforme em desespero.


Que nosso romantismo

Não nos transforme em idiotas.


Que nossa vontade de inovar

Não nos cegue para beleza do comum.


Para melhorar o mundo

E olhar a tudo e a todos com olhos de amor.


Que nunca nos falte a coragem e a dignidade

Para pensar, falar, ousar e agir

A favor daqueles, que não tem voz.


Que não tenhamos medo da verdade, nem da crítica

Ao mostrarmos a nossa alma e nossas idéias

Em qualquer composição.


Porque nós poderemos partir um dia,

Mas aquilo que semearmos

De bom na alma dos homens

Viverá para sempre.


Obrigada universo!

Por eu ter nascido sensível

A ponto de me tornar poeta!






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“Pensar é a segunda coisa mais bonita. A mais bonita é a poesia. 

Se houvesse o pensamento poético e a poesia pensante, seria o paraíso.”


Pascal Mercier




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