DEVOCIONAL: “UM POUCO DE LUZ” (10/10/14)
QUANDO JEOVÁ colocou uma canção em minha boca! Foi no final da década de 1950. Eu já havia aprendido algumas canções religiosas, mas nenhuma delas falava da graça inefável revelada em Cristo Jesus e dada aos homens como dom gratuito. Neste tempo ouvi os primeiros pregadores de Boas Novas entoarem algumas novas canções.
Usavam-se muitos corinhos, de duas estrofes no máximo, e que se repetia a fim de gravar bem a mensagem Bíblica inserida na poesia; esta, quase sempre desconhecida das pessoas não familiarizadas com as Escrituras. Um dos primeiros corinhos que aprendi era uma canção que dizia na primeira estrofe: “com Jonas no barco, tudo vai muito mal e continua o temporal”; já na segunda estrofe cantávamos: “Com Cristo no barco, tudo vai muito bem, e passa o temporal”.
Na primeira estrofe lembrava Jonas, designado pregador aos Ninivitas, mas que decidiu fugir, e no porto marítimo de Jope conseguiu passagem para um navio que ia para Tarsis. Procurou um lugar bem discreto e dormiu certo de que fugiria da presença de Deus. O temporal que sobreveio, amedrontando os marujos, fez com que o capitão acordasse Jonas e instasse para que invocasse o seu Deus.
Lançando sortes para descobrir o culpado, é evidente que Deus manipulou as coisas a fim de que a sorte caísse em Jonas. O profeta visto por muitos como desobediente, covarde e tímido; mostrou uma qualidade admirável: Confessou o seu pecado e pediu que fosse lançado ao mar a fim de poupar os outros que nenhuma culpa tinha dele ter sido infiel à sua comissão.
Lançado ao mar, todos conhecemos o desfecho: Jonas é engolido por um grande peixe [baleia para alguns tradutores] e passa três dias e três noites orando até ser vomitado em terra firme. Claro, Deus preparou o peixe e vigiou pela vida de Jonas que, mesmo na desobediência, prefigurou o Messias no seio da terra (Jn 1 e 2; Mt 12:40).
Jonas por fim vai a Nínive, cumpre sua designação, a inteira cidade se arrepende, e a lição do amor de Deus já por quase 30 séculos continua falando aos corações de judeus e cristãos, de que não temos como fugir da presença de Deus. Que bom que Ele nos acha sempre! Como disse Davi: melhor é cair nas mãos do Senhor.
A segunda parte do “corinho” lembra a tempestade no revolto mar, enquanto Jesus dormia tranquilamente. Acordado pelos discípulos temerosos que o barco viesse a pique e perdessem suas vidas, Jesus lhes acalma e adverte: Por que temeis, homens de pouca fé? Isto acontece muito em nossas vidas, nas tempestades que surgem; às vezes Deus parece ausente; mas não dorme nem tosqueneja o guarda de Israel (Sl 121).
Quanta lição Deus nos dá! Seu cuidado amoroso para com seus filhos não muda; mesmo estando na desobediência não os deixa perecer e; ainda que o processo de disciplina seja doloroso, de consequências desesperadoras, como aconteceu com Jonas; contudo, sua confissão o livrou da morte. Deus livra todo crente que toma caminhos que não são os de Deus, mas como Jonas reconhece: Errei! Como disse o salmista: “Um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus (Sl 51:17).
Quando encontramos ao Senhor, Ele nos encheu de cânticos. Foi assim como Moisés, Miriã, Débora e Baraque, Davi; Zacarias, Maria; às vezes um cântico doloroso, uma endecha como foi o cântico de Davi lamentando a morte do rei Saul e seu amigo Jônatas; não importa; as canções do Reino avivam a nossa fé.