Discussão: Loiva ferreira

Loiva ferreira


Rústica

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Eu q’ria ser camponesa;

Ir esperar-te à tardinha

Quando é doce a Natureza

No silêncio da devesa,

E só voltar à noitinha…


Levar o cântaro à fonte

Deixá-lo devagarinho,

E correndo pela ponte

Que fica detrás do monte

Ir encontrar-te sozinho…


E depois quando o luar

Andasse pelas estradas,

D’olhos cheios do teu olhar

Eu voltaria a sonhar,

P’los caminhos de mãos dadas.


E depois se toda a gente

Perguntasse: “Que encarnada,

Rapariga! Estás doente?”

Eu diria: “É do poente,

Que assim me fez encarnada!”


E fitando ao longe a ponte,

Com meu olhar cheio do teu,

Diria a sorrir pro monte:

“O cant’ro ficou na fonte

Mas os beijos trouxe-os eu…


Florbela Espanca

- Trocando olhares




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A Um Livro
Florbela Espanca

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No silêncio de cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra de cipreste,
É uma sombra triste que ando a ler
No livro cheio de mágoa que me deste!

Estranho livro aquele que escreveste
Poeta da saudade e do sofrer
Estranho livro em que puseste
Tudo o que eu sinto sem poder dizer!

Parece que folheio toda a minha alma!
O livro que me deste, é meu e salva
As orações que choro e rio e canto!

Poeta igual a mim, ai quem me dera
Dizer o que tu dizes! Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto





Versos que te dou!
J. G. de Araújo Jorge
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Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escutá-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revivê-los nas
lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.

do livro “Meu céu interior”, – Rio de Janeiro, 1934.



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