Discussão: 1ª Temporada

1ª Temporada


Lizzie ( Administrador )

(PREQUEL)

Senegal, 15h30

Só me lembro de sentir o cheiro forte, a escuridão tomar minha consciência e meu corpo ser jogado dentro de um veículo. Sempre que eu voltava à consciência eles faziam questão de me apagar novamente. Se me quisessem viva, essa não seria a melhor opção para evitar que eu me lembrasse dos lugares por onde passávamos. Mas teve um momento em que isso parecia não ser mais necessário. Logo, eu conseguia ouvir gritos de pessoas, mas não eram gritos de socorro. “Uma feira”, pensei. Por um buraco na lataria de uma SUV, eu consegui ver muita terra, línguas diferentes e negros. Eu definitivamente não estava em Nova Iorque. O veículo para e as portas de trás se abrem. Fecho os olhos com força por causa da claridade e quase sou sufocada pela terra e o calor que me rodeia. Um homem alto e forte parece me chamar para sair do veículo, mas não consigo entender o que ele realmente quer dizer. Sua única opção é me tirar a força e ele o faz sem piedade. Machuco meus joelhos e braços, mas não ouso soltar um resmungo. Dou uma rápida olhadela na placa do veículo e não consigo acreditar. “Senegal. O que estou fazendo no Senegal?!”. Um turbilhão de lembranças invade minha mente. Apesar de nunca ter pisado neste lugar antes, ele não é algo novo. Meu pai esteve em uma missão aqui há quase cinco anos, missão que levou Bill à morte. Pensei que talvez tivesse alguma relação com o que aconteceu aqui. Alguns dias depois descobri que eu havia sido sequestrada para ser traficada. Tentei imaginar como meu pai estaria nesse exato momento. Se ele sabia que eu estava no Senegal. Se ele sabia que eu estava viva...


Lizzie ( Administrador )

SENEGAL, dois dias antes...

Não era um dia comum. As esposas dos mercadores estavam me vestindo com roupas diferentes, talvez de grandes marcas. Penduraram jóias em meu pescoço e orelhas, colocaram anéis em meus dedos e um salto um pouco desgastado nos meus pés. Fizeram uma maquiagem escura nos meus olhos, deixando-os bem realçados. Borrifaram algo que deduzi ser perfume, mas o aroma era insuportável e não consegui conter um espirro. Elas me encararam torto e tentei não encará-las de volta. Por fim, eu parecia estar pronta. O mesmo homem que havia me arrancado da van um dia antes, me arrastava pelo braço até o que parecia ser um bordel. As mesas estavam cheias de homens acima do peso, exibindo correntes e anéis, sempre segurando uma garrafa de cerveja ou de vodka. Meu estômago se revirava só de pensar de que eu provavelmente teria de me deitar com alguns daqueles homens. Mas não foi o que aconteceu. Eu estava sendo levada diretamente até um estofado que parecia estar numa área vip. Lá, um homem de aparentemente 50 anos estava sentado, enrolado em panos e usando óculos escuros. Deduzi que fosse árabe.

Aqui está. — disse o homem, mostrando-me ao homem dos óculos escuros.

Quanto você quer por ela? — este perguntou.

Podemos fazer uma troca. Ela, por algumas centenas de barris de petróleo. — ele sorriu maliciosamente.

O homem revelou uma barba rala e branca e seus olhos azuis por alguns instantes. Analisou-me por inteiro e se encostou novamente.

Fechado. Separe alguns de seus homens para que acompanhem os meus e terá os seus barris.

Então é assim que funciona? Meu valor é o mesmo que o de uma centena de barris com petróleo. O homem então se levanta e pede para que eu o acompanhe até a saída. Ele não pega em meu braço ou faz ameaças, o que é novidade pra mim. Me leva até um veículo, pede para que eu entre e dá algumas ordens para o motorista. Não estou gostando disso. O motorista dá meia volta e segue rumo ao centro da cidade e quando olho para trás, vejo o árabe segurando uma AK-47, pronto para começar uma guerra. Há sangue por todo lado e logo não consigo ver mais nada, pois o motorista vira à esquerda de forma brusca. Nós paramos e o árabe que há pouco massacrava dezenas de pessoas na porta do bordel, está de volta, agora totalmente descoberto. Quando vejo o seu rosto, fico pálida e não consigo acreditar em quem acabou de salvar a minha vida.

elisha-cuthbert-as-carly-jones-in-house-



Lizzie ( Administrador )

Senegal 18:00PM

Ele estava martelando algumas tábuas nas janelas e na porta da frente do barracão onde estávamos escondidos. Antes disso, ele havia me mostrado algumas passagens secretas, para uma futura possível fuga. Não demoraria muito para notarem que eu estava viva e havia conseguido escapar. Chang, um dos interessados na minha cabeça, ficaria furioso. Existiam três saídas. Uma subterrânea, que nos levaria até um tipo de Bunker, que eu ainda não conhecia. A outra saída, era na verdade, a entrada de uma loja de armamentos. E a terceira estava fora de cogitação, por ser perigosa. Ainda um pouco atordoada, ouvi alguém me chamar mas não dei atenção. Meu nome foi chamado pela segunda vez.

Kim! — ele exclamou. Você está bem?

— Huh... Sim... — eu disse. — Como você...

Não há tempo para explicar, sinto muito. — ele me entregou uma arma. — Guarde isso com você, pode precisar. E esteja longe das janelas, assim ninguém vai suspeitar desse lugar. O restante das armas você sabe onde estão...

— Quanto tempo mais terei de ficar aqui? — questionei.

Eu não sei... Se eu não conseguir um avião pra te levar de volta, terei de lhe arrumar um passaporte falso... — ele guardou uma pistola nas costas, por dentro da calça.

— Mas não há tempo pra isso... — completei.

Exatamente. Terei de ir sozinho dar a notícia ao seu pai. Vai ser difícil acreditar, mas ele não terá escolha. — ele fez uma longa pausa. — Talvez eu não volte para buscá-la, mas mandarei pessoas de confiança. Caso algo dê errado, você sabe como proceder. Vamos tirá-la daqui, eu prometo, devo isso ao seu pai.

Apenas maneei a cabeça positivamente e deixei que ele fosse embora.



Deixe sua opinião ou comentário

Para responder um tópico é necessário participar da comunidade.