Já estou morrendo de saudades!
Sorri ao ler a mensagem de Chris. Ele foi para uma conferência cobrir a empresa de seu pai e estava fora da cidade há alguns dias. Quando estava digitando uma resposta, Candice sentou ao meu lado e me entregou uma xícara de chocolate quente.
– Você está sorrindo muito para esse celular, é um certo moreno de olhos azuis? – Sorriu sugestivamente.
Revirei os olhos – Claro que não, estou falando com Chris!
Ela riu e balançou a cabeça negativamente – Certo, estou doida para fazer um comentário.
– Eu já sei exatamente o que você vai dizer, loira!
– Nina, ele é lindo – exclamou chocada – agora eu entendo o porquê de você ser tão apaixonada por ele.
– Você já tinha visto fotos dele, não sei porque está surpresa – dei de ombros.
– Uma coisa é ver por fotos, ver pessoalmente é completamente diferente.
Ian sempre foi um homem muito bonito, desde criança. Seus olhos azuis somado com o cabelo preto, davam um contraste maravilhoso em sua pele extremamente pálida com suas bochechas coradas. Seu rosto era anguloso e por Deus, ele era totalmente simétrico, não tinha nada fora do lugar nele. Às vezes desconfiava que ele fora esculpido por anjos. Sua beleza era estonteante e ele nunca precisara de muito para chamar a atenção das pessoas, principalmente das mulheres. Por diversas vezes estávamos juntos e ele recebia cantadas e até mesmo guardanapos com alguns números escritos ali. Ele apenas ria da situação e dizia ‘’ – Agradeço o elogio, mas estou com a minha garota aqui, não estou interessado, desculpe. ‘’. Eu me sentia mal com toda essa atenção do público feminino que ele recebia, mas Ian sempre arrumava uma forma de fazer com que eu não me preocupasse com isso e geralmente funcionava.
– Ele flertou comigo – confessei.
– O quê? – Exclamou chocada – Por que você não me contou antes?
– Não foi nada demais, Candy. Ele apenas disse que eu estava gostosa naquele body de renda.
Ela gargalhou alto – Eu não acredito, Neens. Pelo visto aquele amasso que vocês deram mexeu com ele também.
– Eu duvido muito.
– Neens, se você não tivesse atendido o telefone e continuado lá, vocês certamente teriam transado o resto do dia, garota – falou como se fosse óbvio.
– Ele é homem, claro que não vai recusar sexo – revirei os olhos – além do mais, ele deve ficar com mulheres muito mais bonitas do que eu.
Ela bufou – Odeio quando você fala assim, você é simplesmente linda, Neens, sério. E é óbvio que ele também nota isso. Eu reparei na forma que ele estava te olhando ontem.
– Bem, não me importa a forma como ele me olha. Estou com Chris agora!
Ela revirou os olhos e continuamos conversando. Era de manhã e Andrew estava na escola, hoje era meu dia de folga e, coincidentemente, o de Candice também. Depois de fofocarmos mais um pouco, decidimos limpar nosso apartamento. A tarde se resumiu em limpeza e organização e logo estava na hora de ir buscar Andrew. Candice disse que iria comigo e saímos de casa. Assim que chegamos no térreo, notei o carro de Ian estacionado ali.
– O que ele está fazendo aqui? – perguntei enquanto observava o carro.
– O quê? – Candice perguntou confusa.
– O carro de Ian está ali – apontei discretamente.
– Vai lá logo, Nikolina!
Andei em direção ao carro e percebi que ele estava lá dentro falando com alguém no telefone. Ele não notou a minha presença, então quando bati no vidro, ele se assustou e seu celular caiu no chão. Ele praguejou e eu não pude deixar de rir.
– Porra, que susto, Nikolina – Falou assim que eu entrei no carro.
– Você tem sorte de ser eu a te assustar. Já pensou se fosse um ladrão? – Ergui a sobrancelha – Aqui é um bairro bastante inapropriado para exibir um carro como esse.
Ele gargalhou e me olhou – Acho que ele se distrairia com o fato de eu ser incrivelmente lindo e nem se lembraria de me assaltar – brincou.
– Quanta modéstia, não acha? – Revirei os olhos.
Ele riu – Contra fatos, não há argumentos – piscou.
A curiosidade estava me corroendo, então finalmente lhe perguntei – O que você está fazendo aqui?
– Vim convidar você e Andrew para um passeio – deu de ombros.
– Passeio? Onde?
– O filho da namorada de Michael, um amigo meu, está fazendo aniversário hoje e ele nos convidou, achei que seria legal Andrew ir, já que será uma festa infantil.
– Ian... eu não sei se é uma boa ideia – falei com medo.
Ele me encarou confuso – Por que não seria uma boa ideia?
– Certamente a namorada de seu amigo é rica e a festa completamente chique, não tenho roupas para isso! – Será que não era óbvio para ele? Eu e Andrew não nos encaixávamos neste meio, a diferença de classe era gritante, ele não percebia?
Ele franziu o cenho me escutando, então seu olhar desceu para o meu corpo me analisando. Ele abriu um sorrisinho com o canto da boca e se aproximou – Você não deveria se preocupar tanto assim com roupas – sussurrou em meu ouvido, seu hálito quente em contato com minha pele causa arrepios em todo o meu corpo – Você fica gostosa de qualquer forma, mas pelada é ainda melhor.
Sinto meu rosto quente e sei que certamente estou vermelha diante dele e não é só por causa de seu comentário malicioso, mas também pela forma que meu corpo reage a Ian.
– Que horas vai ser essa festa? – Ele riu quando notou que eu estava desviando de seu comentário.
– Às 20:00, você terá tempo de sobra para se arrumar. – Ele sorriu. Esse maldito sorriso de lado!
– Tudo bem – me dei por vencida – podemos ir a essa festa.
– Podemos passar em alguma loja para você comprar algum vestido, se quiser – Ofereceu.
Balancei a cabeça negativamente – Agradeço, mas não. Bem, eu estava indo buscar Andrew na escola, você quer ir comigo?
Ele me encarou surpreso, com a boca levemente aberta – Eu posso ir?
– Tenho certeza que Andy adoraria te ver novamente, ele não para de falar em você desde o dia do nosso passeio – Ele sorriu e notei seus olhos brilharem.
– Fico muito feliz com isso, Nina!
Sorri para ele e olhei para a entrada do prédio, Candice não estava mais lá, certamente subiu quando eu entrei no carro. Mandei-lhe uma mensagem dizendo que iria com Ian e ela respondeu com uma figurinha totalmente pervertida. No meio do caminho, continuei conversando com ele e lhe contei mais algumas curiosidades sobre minha vida e a de Andrew. Ele adicionava sempre um comentário ou outro e eu notava em como sua expressão ficava pensativa e até mesmo um pouco triste, quando falava dos primeiros anos de vida de Andy, do seu primeiro passo e suas primeiras palavras.