
Com a libertação da Bélgica, por se achar preso Leopoldo III, o príncipe Carlos, seu irmão, assumiu a regência como presidente. A Bélgica ficou politicamente desorganizada por causa do enfrentamento entre o partido Social Cristão (católicos) e a coligação de liberais, socialistas e comunistas, e a questão do regresso do rei Leopoldo. Em 1945, o Parlamento concordou em deixar Leopoldo, desprestigiado pela capitulação aos alemães, fora do poder. A Bélgica voltou a recuperar sua anterior posição entre as grandes nações mercantis do mundo. No plano internacional, aderiu à ONU (1945), ao Benelux (1948), à OTAN (1949) e à Comunidade Econômica Europeia (1958).
Em 1950, foi convocado um plebiscito sobre o retorno do rei Leopoldo. Após obter a resposta afirmativa de 57,6% dos votantes, vários conflitos ocorreram, organizados pela oposição. O rei delegou, então, seus poderes ao príncipe herdeiro Balduíno (1930-1993) e, em 1951, abdicou em seu favor.4 Começou então uma época de grande desenvolvimento econômico no país e em toda a Europa.
Dominada politicamente pela luta ou pela colaboração entre os socialistas (PSB) e o partido social-cristão (PSC), a Bélgica, depois da guerra, foi perturbada por três problemas que se esforçou por resolver: escolar, colonial (independência do Zaire, 1960) e linguístico (oposição entre a população nortista de língua flamenga com os valões de língua francesa, do sul).
A questão do ensino, que desde o século XIX opunha a Igreja aos liberais e socialistas, resolveu-se com o pacto escolar, em 1958.
A independência da colônia do Congo Belga (ex-Zaire, atual República Democrática do Congo) foi concedida em junho de 1960,3 mas foi imediatamente seguida de violência e banhos de sangue (Crise do Congo). Em 1962, os administradores belgas da ONU, encarregados do território de Ruanda-Burundi, conseguiram a independência de Ruanda e Burundi.4 A independência das colônias representaram para a Bélgica um sério golpe, embora o país logo se recuperasse.
Após a Segunda Guerra Mundial, o principal empreendimento da Bélgica foi a união dos valões e flamengos. A rivalidade entre valões e flamengos gerou freqüentes distúrbios durante a década de 1960, provocando a queda de vários governos nos anos seguintes. Em 1977, por meio de reformas na Constituição, o pacto de Egmont, introduzido pelo primeiro-ministro Leo Tindemans, reconheceu três regiões semi-autônomas (comunidades culturais), com base em suas línguas: Flandres ao norte, Valônia (Wallonia) ao sul, e Bruxelas. Em 1980, garantiram autonomia parcial a Flandres e Valônia.
Wilfried Martens, à frente do governo entre 1979 e 1992, iniciou um processo de descentralização, transferindo poderes para as regiões e comunidades. Em 1989, houve a adoção definitiva do Estatuto de Bruxelas. O crescente nacionalismo flamengo resultou no fracasso da proposta de reforma constitucional em 1991. Jean-Luc Dehaene tornou-se primeiro-ministro em 1992. Em 1993, a revisão constitucional transformou a Bélgica unitária numa federação com poderes descentralizados, ficando o governo central responsável apenas pela defesa, segurança social, política monetária e relações exteriores. Em 1993, com a morte do rei Balduíno I (que não deixou descendentes), seu irmão Alberto subiu ao trono com o título de Alberto II. Em 1999, Guy Verhofstadt tornou-se primeiro-ministro, tendo, em 2003, sido reconduzido às suas funções.
A Bélgica foi membro constituinte, em 1952, da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e contribuiu para a fundação, em 1957, da Comunidade Econômica Europeia - C.E.E. (hoje União Europeia). Ratificou o Tratado de Maastricht sobre a União Europeia em 1992.