Vendo a porta bater, me afundo mais na cama. Estou confuso e completamente excitado, essa mulher me beija e me provoca e depois vai embora e me deixa assim, saindo do nada. Levanto me arrastando e vou para o banheiro, preciso de um banho e de preferência, frio. Não entendi o porquê de ela ter me beijado, confesso que esperava que demoraria mais. Não que eu esteja recusando, porque eu estava mesmo com vontade de beija-la, mas ela me confunde. Me traí, esconde meu filho e agora isso?
Termino o meu banho e saio mais relaxado, mas ainda com vontade de transar com ela. Coloquei uma roupa qualquer e deitei em minha cama. Hoje finalmente era o meu dia de folga, as filmagens para o filme irão começar semana que vem e é aí que me lembro do meu filho, porra.
– O que você quer, seu filho da puta? – A voz irritada de Matt preenche os meus ouvidos.
– As filmagens do filme irão começar semana que vem – falo nervoso.
– E daí? – disse desinteressado e isso só me irrita mais.
– E daí que agora eu tenho um filho, caralho.
– Puta merda – falou caindo na real.
– O que eu vou fazer?
– Você não disse que ia chamar ela para ir aí no seu quarto para conversarem?
– E eu chamei, mas as coisas não saíram como eu planejei.
– Pelo seu tom de voz, já sei que fez merda, né – riu alto.
– Antes fosse – revirei os olhos – quase transei com ela – falei e escutei o barulho de algo caindo no chão.
– O que? – gritou – como assim?
– Ela me beijou, cara. Quando fui ver, já estava com ela em cima de mim rebolando no meu pa...
– Certo, certo. Já entendi – falou me cortando – mas não rolou nada?
– Não, o telefone dela tocou e ela saiu praticamente correndo do quarto – falei bravo.
– Puta merda, Somerhalder. Eu disse que você ainda era doidinho por essa mulher – riu.
– Ah, vai se foder. Eu te ligo porque preciso resolver essa situação e você vem falar merda? – me estressei.
– Vou ir aí no seu quarto, espera um pouco.
Ele encerrou a chamada e suspirei, totalmente nervoso. Fui até minha mala e peguei um baseado, precisava relaxar depois disso tudo. Acendi e traguei, soprando a fumaça para longe. Liguei para a recepção e pedi algo para comer.
– Já está fumando de novo? – Matt disse entrando no meu quarto – dá para sentir o cheiro lá de fora.
– Depois desse dia de merda, só fumando para me relaxar – falei e estendi o baseado para ele, que aceitou.
– A gata te deixou na vontade mesmo, né – riu e eu mostrei o dedo para ele. Maldita hora que fui contar para ele.
– Deixou, mas para ser sincero, eu não entendi nada.
– Ela só teve a iniciativa de fazer o que vocês dois queriam, não vejo nada de errado nisso – ele deu de ombros.
– Não estou reclamando, porque eu também queria, senão não teria nem retribuído o beijo. A questão é que ela me traiu, fez aquela cena toda e agora me beija?
Ele revirou os olhos e bufou – Sua cara já foi ao chão depois desse teste ridículo que você submeteu seu filho a fazer, ainda acredita mesmo nessa história de traição?
– Estamos falando da minha mãe aqui, ela não mentiria para mim – rosnei.
– Sua mãe nunca foi fã dela, você já falou isso várias vezes. Aposto que se ela soubesse que a Nina estava grávida naquela época, ela iria esconder isso de você até a morte.
Mas é claro que não, minha mãe não é essa bruxa que todos falam. E agora que esse assunto tocou no nome dela, como eu vou contar que tenho um filho de seis anos? Eu estou todo fodido.
– Acho que seria bom você conversar – frisou – com a Nina. Você precisa conhecer seu filho, os gostos dele e, principalmente, dar um jeito em como as coisas irão ficar. Você mora em Nova Iorque, Ian.
– Eu sei, eu sei. Vou conversar com ela, sim!
Logo o serviço de quarto chegou e ficamos comendo e conversando. Minha vida deu uma reviravolta total, ainda não acredito que eu, logo eu, tenho um filho. É demais para assimilar.
[...]
Bom dia, tenho alguns compromissos na parte da manhã, mas realmente preciso conversar com você.
Enviei a mensagem para ela e calcei meus sapatos. Tinha algumas provas de roupa para fazer hoje e precisava ir até o escritório de meu advogado. Ele estava calculando a pensão alimentícia e todas essas coisas.
Hoje eu estou no turno da manhã, podemos nos encontrar à noite!
Por mim tudo bem. Onde vamos nos encontrar?
Pode ser aqui no meu apartamento.
Às 20:00, então?
Ela apenas visualizou e mandou um emoji de uma mãozinha fazendo joia. Entrei em sua foto de perfil e lá estava ela com o nosso filho sorrindo, céus... Ainda estou tentando assimilar a ideia de que eu sou pai, é tão estranho pensar que até algumas semanas atrás eu só era o Ian, solteiro, descompromissado e agora eu sou pai, puta que pariu.
Tomei o café da manhã com Matt e Paul e logo fomos para o atelier da Jhon Jhon. A manhã passou relativamente rápida, eu teria algumas fotos para fazer e o ensaio para o comercial, mas ficaria para o final de semana. Chegamos no escritório de meu advogado e ele me passou uma pasta enorme.
– Eu fiz os cálculos em cima de 30 por cento do que você ganha, senhor Somerhalder. Mas tenha em mente de que esse valor pode ser abaixado dependendo do juiz ou até aumentado, caso você queira e tenha condições. – Ele me explicou.
– Certo – analisei os papéis em minha frente – e qual é o valor?
– O senhor me pediu para fazer os cálculos desde quando a sua ex-companheira estava gerando-o até o presente momento, aqui está o valor – Ele me pediu os papéis de volta e circulou com uma caneta o valor exato.
Ele continuou me explicando alguns pontos e eu saí de lá com a pasta em mãos para entregar a Nina, senti meu celular vibrando e era uma mensagem sua.
Já estou em casa, se quiser vir até aqui agora, por mim tudo bem!
Okay.
Enviei a mensagem e entrei em meu carro seguindo até o seu apartamento. Estacionei o carro e logo estava de frente à sua porta. Bati e segundos depois, lá estava ela.
– Oi – ela disse sem jeito e eu sorri de lado, ainda me lembrando de tê-la rebolando em meu colo.
– Oi – respondi e ela me apontou o sofá para eu sentar.
– Você quer tomar alguma coisa? Uma água, refrigerante, cerve...
– Não, obrigado. Estou bem assim! – falei e ela assentiu – preciso mesmo conversar com você.
– Sou toda ouvidos – Ela sentou-se ao meu lado e eu entreguei a pasta em suas mãos.
– Fui até o escritório de meu advogado esta tarde e pedi para ele calcular o valor da pensão de Andrew – ela me olhou e assentiu para que eu continuasse enquanto analisava os papéis – Ele fez o cálculo previsto por lei, mas eu tenho condições de pagar mais e eu quero.
– Ian, meu deus – exclamou chocada – Isso é muito dinheiro, não posso aceitar isso.
– Nina...
– Não, Ian – ela me interrompeu, brava – Andrew nunca precisou disso, conseguimos viver bem até aqui, não vai ser agora que isso vai mudar. É muito dinheiro!
– É o dinheiro que deve ser dele por direito, Nikolina.
– Direito? Esse valor ultrapassa qualquer direito!
– Eu gasto esse valor em uma noite com bebidas e mulheres, nada mais justo do que eu poder gastar com o meu filho – falei e é verdade, esse valor não era nada comparado ao que eu gastava.
– O quê? Você está mesmo me dizendo isso?
– Eu só falei a verdade!
– Vai se foder, Ian. Você acha que pode vim aqui e jogar essa bomba para cima de mim e esperar que eu aceite essa merda? Eu nunca quis o seu dinheiro, porra! – ela gritou comigo, a face corada pela raiva.
– Sei disso – dei de ombros – Mas, quero que entenda que agora eu vou fazer parte da vida dele e eu sou um cara rico, Nina. Você já deveria estar acostumada, afinal, isso não costumava ser problema para você, já que os seus pais são mais ricos do que eu sou agora.
E é verdade, a família de Nina é uma das famílias mais ricas dos Estados Unidos inteiro, não sei o que houve com ela para chegar a essa situação e sinceramente, a cada dia que passa estou mais curioso sobre isso.
– Meus pais – riu alto – Quero que eles e o dinheiro deles se explodam. Eu não sou rica e estou muito longe de ser – frisou – não quero esse dinheiro e Andrew certamente não precisa dessa quantia toda!
– Bom, você vai ter que aceitar, está na lei – sorri falso e ela bufou.
– Ian... – ela começou a relutar, mas eu a interrompi novamente.
– Olha, eu sei que acusei você de interesseira e coisa e tal – revirei os olhos – mas, quero que saiba que esse valor não é nada para mim, Nikolina. Eu tenho condições de ajudar com mais e eu quero. Irei fazer parte da vida dele agora e quero que ele tenho o mesmo bem estar que eu, eu quero e posso proporcionar isso a ele.
– Não sei, Ian. Isso é muito dinheiro – falou e sua voz estava embargada.
– Você não quer aceitar, eu entendo. Mas, quero que pense nele, em Andrew. Esse dinheiro pode ficar em uma poupança com o nome dele, mas quero que você use, ele merece isso, Nikolina.
Ela permaneceu quieta e encarou os papéis em suas mãos – Eu preciso pensar e analisar isso com calma antes de decidir qualquer coisa.
– E tem outra coisa – comecei e ela me olhou confusa – Eu moro em Nova Iorque.
– E o que isso quer dizer?
– É exatamente por isso que precisamos conversar com calma.
– Você não está sugerindo que quer levar o meu filho para lá, né? – perguntou brava.
– Claro que não, cacete Nina, você sempre espera o pior de mim? – revirei os olhos – estou dizendo que, eu moro em Nova Iorque e precisarei voltar para lá daqui há alguns dias, mas eu realmente quero me aproximar de Andrew.
– E então...?
– Eu irei comprar uma casa aqui em Los Angeles, mas eu realmente gostaria que vocês fossem para lá quando eu não puder vir até aqui.
– Isso é informação demais para um dia, Ian – falou e sua voz já mais calma – Olha, você precisa conhecê-lo primeiro, dar um tempo a ele para assimilar as coisas, não é assim.
– Eu sei de tudo isso e esse é o outro ponto da minha conversa.
– Que seria?
– Quero me encontrar com meu filho amanhã, podemos fazer um passeio.