Nem sei ao certo como fazer essa resenha, pois acho que uma vida inteira não seria suficiente para digerir a magnitude de Frida Kahlo. Creio que nunca me despedirei dessa leitura. Mas vamos começar pela edição: estética maravilhosa, impecável. Minha única ressalva é quanto às notas, que ficam ao final do livro? eu, particularmente, prefiro quando estão no decorrer do texto. A biografia é detalhada, cheia de fotos, riquíssima e creio que muito fiel, já que não endeusa Frida - pelo contrário, mostra o ser humano que era, com seus defeitos e contradições. Nascida em 1907, Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón ignorou sua certidão de nascimento e preferiu adotar 1910, ano da revolução mexicana, como sua chegada ao mundo, junto com o Novo México. Na juventude, também preferiu retirar o E de seu nome do meio, passando de Frieda, que significa paz, mas é de origem alemã, para Frida, em razão da ascensão do nazismo. Impossível resumir toda sua vida nessa legenda, então me atenho a escrever as palavras que me vêm à mente depois de conhecer intimamente Frida Kahlo: Força. Revolução. Arte. Transgressão. Esperança. Política. Mexicanidade. Ancestralidade. Animus. Anima. Doença. Incompletude. Morte. Vida. Sexualidade. Carência. Dependência. Toxicidade. Ciclos. Alegria. Resistência. Religiosidade. Beleza. Amor fati. Natureza. Laços. ... Que mulher, meus amigos, que Fortaleza. Muito a aprender com essa artista que presenteava o mundo com a sua subjetividade em quadros. Frida pintava mesclando cores, dores e amores. É muito triste a cooptação rasa e interesseira de sua figura pelo mercado (assim como Che). O que consola é que, em meio a tantos modismos, alguém possa se interessar realmente e procurar conhecer a verdadeira história dessa revolucionária mexicana.