Tenho visto cada vez mais casais que, se não se conheceram via internet, recorreram e ainda recorrem com grande frequência às ferramentas tecnológicas para estreitar a relação. A verdade é que as ligações telefônicas e cartas foram naturalmente substituídas e praticamente caíram em desuso. No lugar, as trocas de mensagens via aplicativos, e-mails e redes sociais têm mudado drasticamente a maneira como as relações se estabelecem, inclusive por darem margem a um “novo” tipo de relacionamento: o virtual.
Não se pode negar que essas relações, cada vez mais comuns, têm como vantagem o fato de que tendem a fortalecer o diálogo. Afinal, uma relação que se estabelece ou cresce em meio a distância requer que os envolvidos estejam dispostos a se conhecer, a contar quem são, a compartilhar como são. E isso, claro, se dá na conversa.
Aliás, essa é a razão pela qual muitos casais que convivem pessoalmente também têm optado por conversar virtualmente; o ambiente virtual faz com que se sintam mais à vontade, mais confortáveis em se abrir sem o ‘olho no olho’.
Por outro lado, também é inegável que, quem tem mais convívio pessoal, ganha a oportunidade de conhecer não só o que o outro conta, mas também o que o outro é, efetivamente, no dia a dia. Isso porque muita gente acaba sendo tendenciosa ao falar de si mesmo(a), para o bem ou para o mal. O outro só consegue se aproximar da verdade com a convivência.
É importante dizer que o computador acaba por servir ainda como uma barreira de proteção contra o medo de se relacionar. O sonho, o grande desejo em comum à maioria das pessoas é receber amor e se sentir amado. E, justamente por isso, temos muito medo de nos envolver e não recebermos o amor que desejávamos.
O computador, ao contrário de um encontro que se dê pessoalmente, permite que tenhamos mais controle das características que queremos demonstrar ao outro para conquistar seu amor. Afinal, pessoalmente, o corpo fala, nosso jeito de ser fica estampado e nossas atitudes nos ‘denunciam’. Essa ideia de que estamos ‘seguros’, ‘protegidos’ por detrás da tela favorece o surgimento de tantas relações virtuais, ao mesmo tempo em que pode colaborar para que sejam mais superficiais.